REUNIÃO 17 ABRIL 2010 - CASA DO GAIATO

Compadre Canteiro preparando a recepção aos convidados

Compadre Presidente João Trincheiras dando uma entrevista para a Agencia de Noticias Lusa

Compadre Malangatana com Compadre Padre Zé Maria, Irmã Quitéria e Eng. Quelhas


Os gaiatos preparando os almoço da Academia



Os gaiatos brincando..... (grandes com pequenos)




Compadre Malangatana com gaiatos confraternizando





Compadre Caeiro com o bolo de aniversário com o olhar atento das meninas


Visão da Casa do Gaiato em 2010, quando em 1991 não havia absolutamente nada neste espaço



NOTICIA DA AGÊNCIA LUSA POR OCASIÃO DESTE EVENTO

Maputo, 18 Abr (Lusa) – As crianças da Casa do Gaiato em Moçambique tiveram hoje um dia de festa e em breve vão ver ser construída uma oficina de torneiro mecânico. Tudo porque a Academia do Bacalhau fez anos.
Depois de almoço os meninos dançaram, comeram bolo e cantaram com sotaque “porque hoje, é o dia d´academia, do bacalhau”. Mais de cem compadres aplaudiram, e antes já tinham contribuído para a Casa com quase 70 mil meticais (1500 euros).
Os “compadres”, e “comadres”, são os membros da Academia de Maputo, que todos os meses se juntam na capital moçambicana, para confraternizar mas também angariar meios e vontades para ajudar instituições sociais.
Hoje a Academia fez 19 anos, tantos quantos tem também a Casa do Gaiato de Moçambique, uma “extensão” das famosas Casas de Portugal, uma ideia do padre Américo Monteiro (que também viveu em Moçambique) levada à prática pela primeira vez em 1940, em Miranda do Corvo.
É o padre José Maria que desde 21 de agosto de 1991 dirige a Casa do Gaiato de Moçambique, satisfazendo um pedido do então Presidente da República, Joaquim Chissano. Hoje vivem na Casa, em Boane, arredores de Maputo, 143 meninos, e outros 56 estudam fora, na capital, regressando apenas ao fim de semana.
Foi com a ajuda deles que hoje se fez o jantar para os membros da Academia do Bacalhau, uma associação sem fins lucrativos, também ela uma extensão da primeira Academia do Bacalhau, criada por um grupo de portugueses em 1968, em Joanesburgo, África do Sul.
Contas feitas, a festa de aniversário rendeu à Casa o suficiente para “dar um conforto para uma coisa”. “Temos um contentor na alfândega onde vêm tornos e material de oficina de torneiro mecânico. Temos espaço mas não temos a oficina feita. Então a ver se posso começar a fazê-la”, contou à Agência Lusa o padre José Maria.
É que a Casa tem já oficina de mecânica, de serralheiro civil, carpintaria e marcenaria, eletricidade, canalização, sem contar com as extensas áreas agrícolas e pecuárias. Tudo com ajudas importantes da cooperação portuguesa e espanhola, de amigos e de entidades como a Academia. “Vamos esgaravatando, vamos procurando”. E principalmente com “o apoio de quem aqui está, que trabalhamos”.
A Casa do Gaiato e a cooperação espanhola ainda apoiam mais 1300 crianças em creches da região e outras 560 vítimas de Sida. Ali, os internos, são “gente que não tem pai nem mãe”, “rapazes desgarrados da família”.
“Apareceram-nos agora dois que as mães estão com 24 anos de cadeia, eles já nasceram na cadeia, recebemos outro que nem sabe falar. Temos de nos restringir àqueles que nada têm”, conta o padre José Maria, lamentando que sejam tantos os que ali tem de albergar. “Não deviam ser tantos, já não sei o nome deles todos”.
Hoje, espalhadas pelo mundo, existem mais de 50 Academias do Bacalhau. A “função de contributo para causas de solidariedade” é sempre igual e a de Moçambique além da Casa do Gaiato apoia o Centro Cultural de Mavalane, do pintor Malangatana (também membro e também hoje presente), e a Cooperativa Cerci, para crianças inadaptadas, explicou à Lusa o presidente da Academia, João Trincheiras.
Em Moçambique a Academia tem cerca de 300 membros, e nem todos portugueses. “Temos pelo menos 10 nacionalidades diferentes. A origem é Portugal, cultivamos os valores portugueses e dos países onde estamos inseridos, não descriminamos”.
“Procuramos não só a contribuição monetária, simples, mas também resolver problemas específicos. Se a Cerci precisa de cadeiras de rodas não vamos dar dinheiro, vamos dar as cadeiras. Tentamos facilitar também outras pessoas e empresas a ajudar”, diz João Trincheiras.
Hoje, como sempre, tocou-se o sino para iniciar o almoço, proibiu-se discussões sobre política, religião e negócios (quem prevaricar para uma multa), brindou-se com vinho e comeu-se bolo de aniversário.
E os meninos cantaram e dançaram, porque a festa era também deles.

FP.
*** este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/fim

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